quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ela traduz meus sentimentos

"...porque de santo você não tinha nada [...] Mas me adorava, me amava, nossa, como me amava.

E eu, será que ainda me amava?

Uma mulher que procrava não tocar em assunto que pudessem resultar em atrito. Uma mulher que evitava ser espirituosa com receio de não ser compreendida. Uma mulher que não dava opiniões contundentes para não parecer moderna demais. Uma mulher que escondia o fato de ter encontrado um amigo na rua porque era um amigo, e não uma amiga. Uma mulher que estava se tornando também ciumenta, porque não sentir ciúme poderia denunciar algum desinteresse. Uma mulher pouco parecida comigo, era a mulher em quem eu estava me transformando. Você, que ao entrar na minha vida havia reinaugurado em mim uma sensualidade, uma vitalidade e uma alegria que estavam obstruídas havia muitos anos, inaugurava agora em mim uma criatura que eu não reconhecia como sendo eu, uma mulher que pensava duas vezes antes de falar e que de forma vergonhosa desenvolveu um perfil careta, totalmente em desacordo com o que eu era de fato. Depois de ter sido solta por você, voltava a ser amarrada. "


Fora de mim - Martha Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário